segunda-feira, 25 de abril de 2011

Contando de 0 a 1.000.000 e depois de 1.000.000 a 0 pra não explodir

Demorou, mas finalmente o Pedro começou a fazer birra, manha e chatice aguda. Com o irmão continua o amor eterno, cheio de beijos, lambidas, apertos e  "que chulé!" mas comigo, com o Fe ou com qualquer adulto que se aproxime... a manha pura. Está batendo a cabeça na parede de propósito, se jogando no chão, pedindo colo o tempo inteiro, chorando, chorando, chorando... sem lágrimas, mas chorando por tudo.

Quando me vê pede colo, quando me vê com o Daniel no colo pior ainda, porque ele quer vir para o meu colo no braço livre e fica fazendo carinho no irmão. E eu tentando de alguma forma impedir que ele coloque o dedo no olho do Daniel ou dentro da boca - porque agora ele me mostra "lhôlho", "bô", nariz, cabeça, orelha. Nessa hora eu queria ter um terceiro braço.

Hoje, depois de muita manha, choro, chatice e minha paciência esgotada acabei dando uma bronca nele enquanto ele tinha outro ataque de chatice aguda. Ele parou, me abraçou, foi pro chão e acabou a manha. Fim. ALELUIA! E quando finalmente ele parou com os testes com a minha paciência foi o Daniel que começou a chorar.

Aqui o esquema está assim agora: choro por revezamento. Um chora e outro dorme, outro chora e um fica quieto. Nesse esquema temos choro das 9 às 22h aqui em casa. O Pedro chora porque quer colo e o Daniel chora porque... QUER COLO! Sim, só 23 dias e já sabe como ficar no colo é bom. Isso porque eu quase não fico com ele no colo. Com 2 filhos e tudo pra cuidar não me sobra tempo de fazer muita coisa "extra-curricular", e isso inclui paparicar o Daniel. Mas os bebês não são bobos e logo aprendem o que é bom.

Minha cabeça dói todos os dias, já começa a doer na hora que acordo. Estou cansada, com pouca paciência  - apesar da minha mãe dizer que sou muito paciente, eu acho que às vezes me falta paciência -, dormindo mal e tendo que administrar cada minuto do meu dia pra não perder tempo com o que não importa (por isso demorei pra atualizar o blog), mas ainda estou viva. Acho que é isso o que importa né?

Essa semana minha cunhada Carol me deu um livro que já mencionei aqui antes (Eu era uma ótima mãe até ter filhos) e estou percebendo que todas as mães passam por isso, essa loucura da maternidade. Claro que a maternidade é linda, a felicidade até existe e os filhos são o maior amor do mundo, mas a gente cansa. Somos apenas humanas! E aí o Pedro vai pra escola, o Daniel dorme e eu fico com a casa num silêncio tão profundo que acabo sentindo até falta daquela insanidade toda. A maternidade é um paradoxo.

Daniel com 23 dias, dormindo e me dando um descanso

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ovo de 100 anos

Estava quase saindo do computador quando o Fe entra no quarto e me pergunta o que eu dei pro Pedro comer. Perguntei se o cocô estava muito fedido e eis a resposta dele:

- Muito fedido seria o normal. Parece que ele comeu um urubu em decomposição, que comeu uma tartaruga em decomposição, que comeu fruta do lixo. Ou nabo.

- Ou um ovo de 100 anos - eu disse.

(Só para esclarecer, um ovo de 100 anos é uma iguaria chinesa a qual eu nunca tive a menor coragem de me aproximar - só para se ter uma idéia, o ovo é preto.)

- Isso, ou um ovo de 100 anos. E o pior é que eu me abaixei pra pegar o carrinho dele e ele sentou em cima da minha cabeça. O cheiro veio por todos os lados... eu acho que foi o dia que eu mais me aproximei de Deus. Eu cheguei a ver a luz! E como você é a responsável direta pela alimentação dele, é você quem vai tirar a fralda e limpar o bumbum dele pra eu dar o banho.

- Hum hum...

E quem acabou limpando o cocô radioativo acabou sendo ele mesmo. Por isso que eu amo esse homem!!

Irmãozão

A cada dia que se passa, amo ainda mais meus filhos. O Daniel é um bebê lindo, dorminhoco, não tem cólicas, so chora quando está com fome, mama direitinho e sorri a toda hora. E o Pedro... além de todas as inúmeras qualidades que me fazem amá-lo tanto, também tem se mostrado um irmão mais velho maravilhoso. Mais amor pra caber no meu coração!


Essa semana o Pedro fez 3 demonstrações de amor maravilhosas. A primeira foi quando ele estava desenhando - na verdade ele estava rabiscando um desenho que era pra ser pintado - e quando acabou o desenho pegou o papel e foi mostrar para o Daniel. Apontou para o desenho e falou muita coisa (na língua dele, mas falou) explicando sobre o desenho que ele tinha feito.

A segunda foi quando o Daniel estava sentado na cadeirinha de balanço em cima da mesa da sala, usando só um body porque estava muito calor e o Pedro pegou os pezinhos dele, cheirou e fez "Hmmm..." enquanto abanava o ar na frente do nariz. É a mesma brincadeira que eu faço com ele desde que ele nasceu, que eu cheiro seus pezinhos e falo "Hmmm... que chulé!" - agora que ele é o irmão mais velho tem alguém pra poder brincar de "que chulé".

E a terceira foi a coisa que eu queria que ele fizesse, sempre pensava nisso enquanto estava grávida.

Estávamos todos no sofá assistindo Discovery Kids, eu com o Pedro no colo e o Fe com o Daniel no colo. O Pedro desceu do meu colo, foi pra perto do Fe e me puxou pra chegar mais perto. Então pegou o Daniel e puxou todo mundo pra um abraço coletivo. É como se ele tivesse dito que entendeu que a família agora inclui o Daniel. Foi emocionante!

Várias vezes durante o dia eu me pego sentindo uma felicidade transbordante! Estou cansada, sem dormir direito, amamentando muito (o Daniel tem muita fome) e mesmo assim estou tão feliz como nunca estive na vida. Obrigada Deus pela minha linda família, pelos meus filhos maravilhosos e pelo amor que nos une!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Enfim, a jornada dupla


Tudo corria bem, a cesária marcada pro dia 04 (segunda-feira), meu psicológico quase preparado para o parto e no sábado, dois dias antes da data do parto, o Daniel parou de mexer na minha barriga. Achei que era preguiça, sono, mas fui observando. Aí fiquei intrigada e comi 1/4 de um Talento pra ver se dava uma animada, mas nada. Então liguei pra Dra. Juliana pra perguntar se era normal e ela me pediu pra ir pra Sorocaba fazer um cardiotoco. Fui tomar banho, o Fe ia tomar banho depois de mim e de repente ela me liga de volta, dizendo pra eu não comer mais nada, nem tomar água e ir pra lá que se ela encanasse ia fazer o parto.

Preparei uma bolsa pro Pedro, deixamos ele na casa da minha sogra e fomos pra Sorocaba pra fazer o exame com tudo preparado para o parto no carro, mas eu tinha certeza que ia voltar pra casa. Estava no meio do cardiotoco e a Ju chegou, já mandando o Fe fazer minha internação e dizendo que eu estava começando a entrar em trabalho de parto e que, nas palavras dela, "o cardiotoco está lindo!" íamos fazer a cesária agora mesmo.

Me mandaram colocar aquele aventalzinho verde, deitei numa maca e fui pra sala de parto. Rápido, sem dar tempo de pensar e quando eu me dei conta já estava sendo anestesiada, esperando o Fe chegar pra segurar minha mão e literalmente tremendo de medo. As únicas pessoas que entendiam meu pânico eram o Fe e a Dra. Ju, que sabiam exatamente como tinha sido o parto do Pedro.

Então o Fe chegou e eu comecei a sentir que estava sendo cortada (sem dor, só a sensação) e já comecei a chorar na hora, apertei tanto a mão do Fe que nem sei como não deu gangrena. E de repente o anestesista empurrou minha barriga por cima e eu ouvi um chorinho tão lindo, tão desprotegido e ao mesmo tempo tão tranquilizador... que comecei a chorar mais ainda. Nessa hora eu já estava até pulando de tanto soluçar. Foi uma mistura de alívio com adrenalina, de medo com sensação de missão cumprida... não tenho como descrever.

Trouxeram o Daniel pra eu ver, todo cheio de "requeijão", rosado, chorando, tão cheio de saúde! E eu chorando, chorando... o Fe estava tão nervoso que tremia com a câmera na mão. Conseguiu fazer um filme de 10 segundos bem na hora que o Daniel estava sendo tirado da minha barriga e estavam cortando o cordão umbilical e depois ele seguiu o Daniel e a pediatra pra ver o primeiro banho (que foi filmado com mais êxito), a pesagem e a medição e voltou alguns minutos depois, com o Daniel embrulhado num pano limpo, com uma touquinha "do Corinthians", como disse a enfermeira, e então conseguimos fazer uma foto mais decente. Eu estava super inchada, o que é engraçado porque só inchei durante o parto - no dia seguinte estava normal de novo. E os olhos de quem chorou muito!


Logo em seguida já colocaram o Daniel pra mamar e fomos para o quarto. Tão calmo, tão tranquilo! Ele passou todo o tempo perto de nós, no quarto.

Daniel 1 hora depois de nascer


No dia seguinte meus sogros levaram o Pedro pra conhecer o irmão e eu fiquei tensa. Subi na cama para não correr o risco do Pedro subir no meu colo ou me machucar a barriga sem querer e esperei. Ele chegou e ficou feliz ao nos ver e de repente notou o berço ao lado da cama. Subiu no colo do meu sogro para olhar e quando viu o Daniel lá dentro o rosto dele "secou". Não tenho uma palavra certa para descrever como ele ficou, mas ele ficou meio chocado. Depois meu sogro o levou para passear pelo hospital e ele acabou esquecendo, mas o jeito dele só adiantou pra me deixar ainda mais nervosa quanto à volta pra casa.

E como tudo no Pedro surpreende...

Voltamos para casa, mas antes passamos na casa dos meus sogros pra buscar o Pedro. Ele já começou a chamar o Daniel de Didi assim que o viu. Quando entramos no carro já tinha um bebê conforto do lado da cadeira do Pedro e ele começou a apontar para o Daniel falando "Didi!! Didi!!" de um jeito meio ansioso, como se não quisesse que o esquecêssemos lá.

E desde então tudo tem sido só amores! Ele chega da escola procurando o Didi pela casa, quer pegar no colo, abraçar, beijar, apertar, lamber... No segundo dia em casa teve uma hora que o Daniel estava chorando e estávamos todos no quarto dele. O Pedro saiu do quarto do Daniel e foi para o meu quarto e eu falei pro Fe: "Xi, ele deve estar mexendo em tudo!" mas ele voltou rápido, subiu no sofá e mostrou o que tinha ido buscar no meu quarto: a chupeta do Daniel. Ouvindo o irmão chorar, foi buscar a chupeta dele pra agradá-lo. Eu e o Fe ficamos emocionados.



Hoje o Daniel tem 13 dias de vida e eu estou tão feliz e tão tranquila em relação ao Pedro que nem me sinto cansada, apesar do Daniel acordar a cada 2 horas pra mamar. Só estou meio preocupada porque daqui a 3 dias o Fe volta a trabalhar e eu não sei como vai ser com os dois, pra conciliar horários de mamada, almoço, fraldas e brincadeiras dos dois. Mas como disse a Vanessa, minha secretária do lar, "Se Deus te deu a oportunidade de ter 2 filhos é porque Ele sabe que você é capaz!"

Estou confiando nisso! Nisso e no meu amor infinito por esses dois príncipes!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coleção de emoções

Há muito tempo cheguei à conclusão que um filho ensina muito. Mas ultimamente tenho percebido que além de ensinar um filho pode te fazer ter uma enxurrada de emoções e sentimentos controversos.

Quando o Pedro acorda, sempre está de bom humor. Aí eu levo a mamadeira dele e ele toma enquanto assiste a algum desenho (Toy Story, Carros, Madagascar, Kung Fu Panda entre outros). Sinto tanto orgulho por ele ser independente assim, de ficar sozinho no quarto, brincando na cama e assistindo TV! Hoje fui levar o antibiótico dele, e essa parte tem sido meio tensa. Não sei porquê, até mesmo os remédios docinhos ele tem cuspido. Acabou que cuspiu o remédio 4 vezes, fez a maior sujeira porque o remédio é oleoso. Sujou minha roupa, a roupa dele, meu cabelo, o cabelo dele, a parede... tudo. Ai que raiva!! Fica desperdiçando o remédio que vem em dose contada, fora que se ele tomar um pouco eu não sei quanto ele tomou e quanto cuspiu e não posso dar overdose de antibiótico. Fiquei tão nervosa que o coloquei de castigo.

E ele ficou lá quietinho, sem reclamar do castigo, esperando eu ir pegá-lo para ele me dar o beijo de "desculpas". Quando cheguei, ele me abraçou bem forte e voltou a brincar feliz. Me senti péssima. O coração ficou despedaçado.

Aí ele veio tomar o café da manhã comigo, não quis pão, não quis torrada, não quis fruta. Queria um pouco de Sucrilhos no potinho, a seco, pra comer no quarto vendo o resto do desenho. Quando entro no quarto... que sujeira! Todo o Sucrilhos do potinho estava no chão, pisoteado, amassado e molhado com a água do squeezy que ele jogou por cima. Ai que ódio!! Aquele chão todo sujo e eu com esse barrigão tendo que ficar abaixada pra limpar! Então eu falo brava com ele: "Filho, não pode fazer sujeira! Que coisa feia!" e ele me olha com uma cara de anjo, uma expressão de Gato de Botas do Shrek, sorri e pisca os olhos. Não tive como não rir! A cena foi muito engraçada! Eu respondo que ele é um cara de pau e ele dá risada.

Quando estava na cozinha ele passou por mim, gritando de alegria ao ver a Paçoca (como se a presença dela ali fosse uma coisa rara), passou correndo por mim e deu um abraço na cabeça dela que foi tão carinhoso! Fico emocionada de ver como ele gosta dela e da maneira fofa que ele expressa seus sentimentos. Então a Paçoca percebeu que ele estava segurando um último Sucrilho sobrevivente e roubou da mão dele. Ele ficou tão bravo que fechou as mãos pra praticamente "rosnar" pra ela. Aí a agarrou pelos bigodes, uma mão de cada lado da boca dela, e puxou bem forte enquanto exprimia sua raiva. Aquilo foi hilário e por mais que eu quisesse falar pra ele parar, não conseguia de tanto que estava rindo.

Aproveitando que eu estava dentro da cozinha e não podia vigiá-lo ali, ele pegou o Woody (boneco do Toy Story) e colocou pra mergulhar na tigela de água da Paçoca. Eu não percebi que ele estava aprontando alguma coisa até notar que o silêncio estava incomum. Quando apareci pela porta ele deu um pulo de susto, o Woody encharcado na mão, ficou me olhando e esperando vir a bronca. Mas eu fiquei tão brava! Naquele brinquedo vai pilha, é eletrônico e ele mergulha na água? Acabou levando mais uma bronca enquanto eu pendurava o Woody no varal pra ver se secava. Depois, mais tarde, peguei ele no colo pra trocar a fralda e ganhei um abraço tão apertado e um gritinho de alegria tão feliz que quase explodi de tanto amor, o amor mais puro e verdadeiro que uma pessoa pode sentir.

Tudo isso apenas na primeira hora do meu dia. E o dia com ele é bem longo...