terça-feira, 6 de dezembro de 2011

A neve, ou como diz o Pedro, "mefe"

Estamos aqui nos Estados Unidos faz quase 4 meses e vamos embora essa semana. Estava ansiosa esperando pela neve, mas fiquei bem triste quando a previsão do tempo mostrou que só ia nevar no fim de semana e nós vamos embora antes disso.

Sábado fomos passear e passamos por lugares que a neve que caiu ainda não tinha derretido. Estava tudo branquinho, lindo. O Pedro olhava pra fora da janela do carro e falava: "A mefe, mamãe!" mas foi só isso, a neve lá e a gente aqui.

Ontem de tarde começou uma nevinha beeem fraquinha, que foi se intensificando com o cair da noite. Quando já eram umas 21h a neve estava caindo bonitinha, tudo ficou branquinho e eu e o Pedro fomos brincar na neve, pela primeira vez. Vesti um casaco por cima da minha regata e vesti um casaco no Pedro que ainda está grande, mas foi bom porque as mãos dele ficaram pra dentro da manga. Descemos e foi só alegria!


Fiz uma bolinha de neve e joguei. O Pedro começou a pedir "mais bola, mamãe!" e eu até tentava fazer, mas estava congelando minhas mãos. Então a cada bolinha feita eu precisava de alguns minutos com as mãos dentro dos bolsos do casaco pra quebrar um pouco o gelo. Não vou dizer "esquentar as mãos" porque isso era missão impossível, mas quebrar o gelo acho que é a expressão mais adequada.


Ficamos lá brincando, andando na neve fofinha, colocamos a língua pra fora pra deixar a neve cair nela, demos muita risada e escorregamos algumas vezes. Não sei quem estava se divertindo mais, se era eu ou o Pedro.


Depois de passar algum tempo lá fora, ficar com a calça e os pés molhados (não tenho sapatos adequados para neve) voltamos pra dentro do quarto, o Pedro correndo e dando gritinhos de alegria. Abri a porta e entramos, pingando neve derretida pelo caminho, tomando bronca do Fe "Deixem os sapatos na porta, vocês estão molhando tudo!" e dando muita risada. Tirei meu casaco e quando fui tirar o casaco do Pedro ele fugiu, falando "Mais mefe, mamãe! Mais!!" Como resistir? Peguei o Daniel do colo do Fe e falei pra ele ir dessa vez, aproveitar a brincadeira com o filhote. Claro que ele gostou! Vestiu o casaco, calçou o tênis e foi, com o Pedro correndo pelo caminho.

Fiquei olhando pela janela e os dois apareceram, o Pedro abrindo os braços e a boca, o Fe andando de um jeito estranho, com passos apertados... E quando vi, ele tinha escrito pisando na neve "I LV U". Fiquei toda me derretendo dentro do quarto, pensando como sou feliz em ter uma família que se ama tanto!

E fiquei feliz por finalmente ver um pouquinho de neve. Já estava me conformando em ficar todo esse tempo aqui e ir embora sem satisfazer minha vontade, mas deu tudo certo. Parece que foi um presentinho de Deus, dizendo: "Olha, como você foi boazinha, cuidou bem dos meninos, tentou não perder a paciência, se controlou o quanto pôde e tentou manter a alegria dentro de casa, você merece ver uma nevezinha. A previsão do tempo vai errar dessa vez!"

Vai ver, eu mereci mesmo!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Risadas do dia

Tem coisas que a gente prefere fazer que não entende pra ver se os filhos esquecem, como hoje, por exemplo, que eu fingi que não entendi que o Pedro queria bala. Ele chegou do meu lado e disse:
- Bala, mamãe, popopôlio?
- O que você quer, filho? - fingi que não entendi.
- Bala, mamãe... Popopôlio!
- Bola? 
- Bala.
- Bóia?
- Bala, mamãe. Ati! -apontando para o armário. - Aaaaaaaaah!! - e sorriu, como se ELE tivesse entendido, sendo que quem deveria entender era eu.
Eu comecei a rir, perguntei de novo:
- O que você quer mesmo?
- Bala. Aaaaaaaaaaah!!
Aquele "ah" de compreensão, que a gente fala quando cai a ficha, depois de passar muito tempo tentando entender alguma coisa.

Depois estava dando o jantar para o Daniel e ele ainda tem alguma dificuldade em entender que papinha também mata a fome, e não só o leite. Ele fica chorando até chegar na metade da papinha, quando percebe que está ficando de barriga cheia e finalmente se acalma. Não sei a quem ele puxou para ser tão mal humorado quando está com fome (estou sendo sarcástica)... Ele estava chorando porque só tinha começado a comer as primeiras colheradas e eu chamei o Pedro pra tentar distraí-lo para ele parar de chorar.
O Pedro veio na frente dele e começou a fazer "bilu bilu", imitar orangotango, cantar... e o Daniel parou de chorar com a boca cheia. Parou, fez uma cara estranha e ATCHIM! Espirrou sopa em mim e no Pedro. Eu quase tive um treco de tanto rir. O Pedro ficou sério, passou a mão pelo rosto pra tentar tirar a sopa das bochechas e do cabelo, me olhou com um sorriso bem amarelo, deu uma risadinha falsa, pegou o paninho e a chupeta e foi deitar na poltrona mais longe do Daniel.
Deve ter pensado: "Pow, venho aqui na maior das boas intenções e ele joga sopa na minha cara?"

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pé na estrada! - parte 2

Pedro sempre fazendo gracinha

Bom, prosseguindo com a história da viagem, dormimos em um hotel em Niagara, o Daniel no berço e eu, o Fe e o Pedro na mesma cama. Acordamos no dia seguinte, tomamos café da manhã e fomos pras cataratas. É lindo. Tem um parque lindo, a gente foi caminhando e parando em todos os mirantes das cataratas. A única coisa que atrapalhou um pouco é que estava frio, mas se fosse um dia de sol seria o dia perfeito. Ficamos umas 2 horas nas cataratas, tiramos muitas fotos, o Pedro correu um pouco, o Daniel ficou só no canguru no colo quentinho do papai.


Do lado de cá, Estados Unidos. Do lado de lá, Canadá.


Daniel no seu "casulo", protegido do frio

Depois pegamos estrada de novo, voltando para Cleveland. Chegamos lá de noite, dormimos e no dia seguinte fomos passear no museu de ciências da Nasa, que foi muito legal também. O Pedro brincou muito, se divertiu bastante porque tinha muita coisa feita para as crianças. Passamos a tarde inteira nesse museu.


Cápsula da Apolo Skylab 3


Daniel sempre de bom humor

Pedra retirada da Lua

Pedro montando um DNA
Depois pegamos mais 3 horas de estrada até chegar em casa, com uma parada pra dar comida pro Daniel. O mais impressionante de tudo isso é que as viagens foram muito, muito tranquilas. Os dois, tanto o Pedro como o Daniel, ficaram quietinhos e calmos e dormiram a maior parte do tempo. O Daniel é o melhor bebê do mundo, não dá trabalho nunca! Viajar com ele, pegando 3 horas de estrada durante 4 dias foi como se não tivesse um bebê com a gente. Ele está sempre bonzinho, sempre rindo, não chora nunca. Dormiu em 3 hotéis diferentes durante 3 noites seguidas, viajou 12 horas de carro (no total), passeou no parque, no museu... e foi tão, mas tão tranquilo! Deus, obrigada pelos meus filhos! Às vezes eu nem sei se mereço tanto, o Pedro é uma criança linda, divide brinquedos, é bonzinho, está sempre alegre e adora brincar com outras crianças. E o Daniel está sempre feliz, sempre sorrindo, não reclama de nada, não me dá um pingo de trabalho! Obrigada, Deus! Eu não me canso de agradecer!

Agora estamos no hotel, se tudo correr bem passando os últimos dias aqui. A nossa próxima viagem vai ser de avião de volta pra casa, eu, o Fe e os dois melhores filhos do mundo!

Pé na estrada! - parte 1

Quinta-feira passada, dia 25, foi o feriado de Thanksgiving. Então tínhamos 4 dias de "mini-férias" pra curtir. Estávamos planejando viajar, ainda sem saber pra onde e o Pedro ficou com febre. Ficou 4 dias com febre muito alta, de quase 40 graus, eu tendo que acordar ele de madrugada pra dar banho morno pra baixar a temperatura. Então os planos de viagem ficaram um pouco suspensos até a gente descobrir o que ele tinha.

Por sorte consegui falar com o oráculo da pediatria, o Dr. João que é pediatra dos meninos. Até hoje ele não errou uma! Ele me disse na hora que pelo histórico do Pedro, achava que a febre alta fosse garganta inflamada. E era mesmo! Com uma super chave-de-perna prendi os braços e pernas do Pedro no meio das minhas pernas. Segurei uma lanterna em uma mão e uma colher na outra, empurrei a cabeça dele pra trás com o cotovelo e consegui baixar a língua dele pra ver a garganta. Tinha umas bolinhas brancas, tadinho. Mas isso foi bom, porque dor de garganta não é nada grave e é fácil de curar. Então, na quarta-feira à noite, decidimos viajar na quinta.


Acabamos saindo tarde, eu ainda tinha que lavar as roupas, preparar as malas, estava todo mundo com pregucinha. E então começamos a viagem. Fomos para Cleveland, em Ohio, primeiro. Daqui pra lá são 3 horas de estrada, mais algumas paradas por causa dos meninos, fizemos em umas 4 horas e pouquinho. O legal dessa estrada é que passamos literalmente do lado de uma usina nuclear, coisa mais linda. Só não consegui fotografar porque estava muito escuro, mas deu até friozinho na barriga por estar tão próxima de uma usina daquelas.

Chegamos em Cleveland, dormimos, acordamos no dia seguinte, juntamos as "tralhas" e fomos tomar café da manhã. Em plena Black Friday, todo mundo saindo pra fazer compras e aproveitar os preços extremamente baixos e nós na maior indiferença, tomando café da manhã no Denny's.



Depois acabamos parando em um shopping pra trocar as fraldas dos meninos e ir ao banheiro e seguimos viagem para Niagara, não queríamos demorar porque seriam mais 3 horas de viagem (sem contar as paradas). No caminho paramos em um Dunkin Donuts pra dar uma banana pro Daniel e comprar alguma coisa pro Pedro comer e na saída fomos em uma loja procurar mala de viagem (ainda precisamos de mais uma) e o Pedro acabou encontrando uma seção com vários carrinhos do primeiro desenho do Carros. Claro que eu e o Fe fizemos a rapa, pegamos todos os carros que encontramos que ele ainda não tem, e o Pedro pegou 3 caixinhas de carros e se escondeu dentro de uma arara de roupas pra ficar olhando sem que eu e o Fe pudéssemos tirar os brinquedos das mãos dele. O Fe foi pagar os brinquedos escondido (porque os carros vão ser presente de Natal) e eu fiquei com o Pedro tentando fazer ele devolver aqueles carros que ele pegou. Ele devolveu super bonzinho, veio no meu colo e ficou esperando o Fe sair do caixa. Na verdade ele achava que o pai estava comprando os carros pra ele - achava certo, só não sabia que não ia ser pra agora. Chegamos no carro e ele ficou pedindo o carro e demos um azul, só pra ele acalmar. Ele pegou o carro e disse: "Não é esse! Outro Ca-Chaw!" - e agora, malandro? Não tínhamos comprado outro McQueen. Seguimos viagem, achando que ele acalmaria, mas quanto mais íamos embora, mais ele chorava pedindo "outro Ca-Chaw". Meia hora depois ele parou de chorar e eu olhei pra trás. Ele estava com a cabeça encostada na lateral da cadeirinha, olhando para o nada, com uma cara que parecia que tinha morrido alguém que ele gostava muito. Cortou o coração. Chegamos em Niagara e fomos procurar a mesma loja pra comprar o carro pra ele, e foi até legal porque o Fe achou outros dois carros que não tinham na primeira loja. Quando ele ganhou o "outro Ca-Chaw" o humor mudou drasticamente! Eu e o Fe achamos que ele queria tanto que devia ter até doído. Como pode alguém ser tão viciado em um brinquedo?

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Cheio de graça



O Pedro soltou um pum. Eu perguntei:
- Quem soltou esse pum?
- O papai! - ele respondeu, na maior cara de pau.
- O papai? Tem certeza? - o Fe perguntou.
- O papai... Ha ha ha!

Estávamos no carro indo ou voltando de algum lugar, o Pedro começa a me chamar:
- Mamãe? Mamãiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Mamãe?
- Que foi, Pedro?
- Pum... ati! - e fez barulho de pum.
- Pum? Quem soltou pum?
- O Pí-o. Huuumm... fedido!
Pí-o é como ele fala Pedro.

Fui trocar a fralda do Daniel e quando voltei descobri que o Pedro tinha brincado de "lavar" os carrinhos e o caminhão dele com metade de uma mamadeira de leite com chocolate. Descobri porque ele me chamou e mostrou o que tinha feito. Eu só gritei "Ai, Pedroooo!!" e ele correu pro meu quarto e foi brincar com o Daniel. Quando eu terminei de limpar tudo fui para o meu quarto. Ele sentou na cama, me olhou com intensidade e disse: "Cucupa, mamãe?" Tem como não desculpar depois dessa?

De tarde peguei o Pedro pra dar o remédio. Ele nunca quer, mas depois que toma acha gostoso e quer lamber a colher. Depois de algum custo consegui fazê-lo abrir a boca, mas ele fez tanta frescura fingindo que não estava gostando que acabou engasgando e começou a tossir. Tossiu, tossiu, foi na direção do sofá e vomitou bem em cima do sofá. Me chamou pra olhar dando risada, achando engraçado aquele "mini-gorfo" no sofá.

Se tem uma coisa que eu não tenho nessa vida é tédio. Por que será?

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mãe Leoa

Minha mãe sempre me disse que as mães são como leoas: "Não mexa com a minha cria!" Eu achava isso exagerado e engraçado, nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo. Mas aconteceu. Quando o Pedro nasceu, nasceu em mim a Leoa, meu alter-ego tão protetor, bravo e irracional que às vezes tenho que me concentrar muito pra que ela não me domine.

Uma vez na festa junina da escola do Pedro tinham umas crianças brincando de bola. As crianças eram maiores que o Pedro, mas assim que o Pedro viu a bola e as crianças começou a correr junto. Então a bola veio pro lado dele, e ele todo desajeitadinho correu atrás e se abaixou pra pegar a bola... e outro menino grande o empurrou, pegou a bola da mão dele e saiu correndo. O Pedro ficou ali no chão sentado, com uma expressão de quem não estava entendendo nada, sem saber se voltava a correr atrás da bola ou se ficava ali só olhando. Ouvi a Leoa rugindo. "Calma, Leoa... Calma." Meu sogro pegou o Pedro no colo (ele estava mais perto que eu) e o levou pra tentar "pescar" uma bola na barraca da pescaria. A Leoa queria pegar aquele moleque pelos ombros e perguntar qual era o problema dele, arrancar a bola das mãos dele e levar para o Pedro. E falar que se ele ousasse fazer aquilo de novo, que ela não ia ser tão boazinha. E eu tentava silenciar a Leoa, pensando que o Pedro tem que aprender com as adversidades também e que nem sempre as pessoas vão ser legais com ele. E a Leoa dizia: "Uma ova! Se alguém tentar não ser legal com ele vai se ver com a minha fúria!" Calma, Leoa... respira... "Deixa aquele monstrinho vir pra perto do Pedro de novo..." Calma, Leoa...

E às vezes a Leoa aparece em situações em que teoricamente ela não tem que aparecer. Como quando o Pedro encontra algum amigo nosso, "tio" ou "tia" para ele, fica feliz por ter encontrado alguém pra brincar com ele e começa a cantar "No Riiiiiiio, no Riiiiiio" (a música do filme Rio) e a pessoa não entende o que ele está cantando e não dá atenção. E ele canta de novo, pra pessoa cantar com ele, com aqueles olhinhos felizes e esperançosos, e a pessoa só sorri. A Leoa grita dentro de mim "Por que todas as pessoas que ele conhece não vão logo assistir esse filme pra entender que música ele está cantando? Ele está ali tentando socializar, cantando feliz e a pessoa só sorri?? Quer fazer o favor de cantar com ele?" Irracional, mas a Leoa é irracional.

De vez em quando ele encontra algumas crianças americanas no hotel, mas algumas crianças não gostam de conversar com estranhos, nem que o estranho seja uma criança também. Ele chega muito feliz, sorrindo, dizendo "Hi!" e mostrando os carrinhos dele, dizendo "Cacau!" (Ca-chaw, como diz o McQueen dos Carros) e as crianças continuam andando como se ele fosse uma sombra. Ele corre de novo, diz "Hi!" ainda mais alto, sorri, e as crianças não ligam. A Leoa aparece. "Seus monstrinhos, vocês pensam que são melhores que ele? O que custa olhar e falar 'Hi', nem que seja pra ir embora depois, mas dê um pouco de atenção! Ele só quer brincar com vocês! Crianças metidas..." Ela ainda fala muitos palavrões quando está brava, mas não vou transcrever aqui.

Outra ocasião em que a Leoa aparece é quando alguém vem tentar mandar no Pedro. Uma coisa é eu dar bronca nele. Outra é alguém tentar dar lição de moral, mandar ou dizer o que eu devo ou não fazer com ele.  A Leoa é implacável. "Quem ela pensa que é pra vir mandar no meu filho? Ela nem tem filhos pra vir tentar me ensinar como agir com ele! Ah, mas ela vai ouvir poucas e boas..." E eu: "Não, não, não Leoa!! Calma, pelo bem da amizade que eu tenho com ela ou pelo bem do relacionamento em geral... esquece, deixa pra lá." E a Leoa: "Como deixar pra lá, eu não posso deixar isso quieto!" e por aí vai, até que eu consigo controlar a fúria dela, ou pelo menos fazer ela falar mais baixo.

Ah, essa Leoa... Sempre aparecendo quando eu não quero.


Dodóizinho

A vida corria bem pros meninos, o Pedro já está acostumado a passar o dia dentro do quarto comigo e o Daniel é aquele anjo que eu não tenho o que reclamar  - só me dava um pouco de trabalho à noite, acordando a cada 20 minutos, 30 minutos... o bônus da noite era quando ele dormia 1 hora.

Quarta-feira passada coloquei a galera pra dormir, fui tomar banho e deitei na cama pra ler meu livro, como sempre. O Fe já estava roncando. Meia-noite o Daniel acorda chorando, tentei dar a chupeta mas ele não quis, tive que dar mamá. Ele mamou e no finzinho começou a chorar muito, gritando, levantei com ele e ele começou a tossir e vomitou tudo e percebi que ele estava com febre. EPA! Dei antitérmico pra ele dormir e no dia seguinte de manhã o Fe já ligou no convênio perguntando em que hospital poderíamos levar o Daniel.

Fomos parar num aqui perto, na verdade nem era um hospital, era uma clínica. Chegamos lá e antes mesmo de perguntarem o que estava acontecendo já pediram 100 dólares para pagar a consulta. Depois de algumas ligações para o convênio e depois de esperar MUITO o convênio mandar o voucher para o fax deles, conseguimos fazer a ficha de atendimento. A essa altura do campeonato o Daniel já estava queimando em febre no meu colo e quando fomos atendidos já estávamos esperando a mais de duas horas.

A enfermeira mediu a febre (ele estava com 39,5) e trouxe Tylenol pra ele. Quando a médica veio ela olhou os ouvidos enquanto o Daniel gritava muito, deu uma olhada de leve na garganta e saiu. Quando voltou disse que ia dar receita para antibiótico, porque o ouvido dele estava meio vermelhinho, mas ela achava que também podia ser porque ele estava chorando. Mas era pra gente procurar um pediatra, se fosse possível.

Dar antibiótico sem ter certeza do que é?? Claro que não! Voltamos pro hotel pra almoçar - já era quase 5 horas da tarde - e o Fe teve que ir acompanhar um teste no trabalho dele. Quando ele voltou, deixamos o Pedro com a Renata (mãe da Valentina, amiga do Pedro) e fomos procurar um hospital por conta própria. Acabamos parando em um que o Fe já tinha passado na frente e eu entrei pra perguntar se tinha pediatra. A recepcionista disse que não, mas me deu o nome de 3 hospitais que cuidam de crianças e que normalmente tem pediatra 24 horas. Nisso a outra recepcionista veio e me sugeriu ir para o hospital da universidade, porque segundo ela o atendimento lá com crianças era muito bom. Fomos.

Quando entrei no hospital com o Daniel no colo a recepcionista só me perguntou o nome dele, a data de nascimento e qual era o sintoma. Em 5 minutos já chamaram a gente, um enfermeiro grande na altura e na largura, com um daqueles sorrisos de quem está sempre de bom humor. Mediu a febre do Daniel (estava 39,6 nessa hora) e ele e outra enfermeira perguntaram um questionário infinito sobre ele. Depois que respondemos tudo, nos levaram pra uma quarto e logo apareceu o pediatra. Perguntou mais 50 coisas que ainda não tinham perguntado e veio ver o Daniel. Pediu pra tirar a roupa, apalpou barriga, ouviu o peito com o estetoscópio, olhou ouvidos e a garganta - a garganta ele olhou do mesmo jeito que a outra médica, só jogou uma luz lá dentro sem abaixar a língua - e disse que aparentemente estava tudo bem e pediu exames de sangue e urina.

A enfermeira entrou com os kits para colher sangue e urina (a urina teve que ser colhida com sonda) e nessa hora eu tive que sair da sala, porque não aguento ver sangue, agulhas nem nada que machuque os outros, quanto mais meus filhos. Fiquei chorando no corredor, andando de um lado para o outro enquanto esperava o tempo que parecia infinito para acabarem logo com aquilo. Acabou e eu entrei. O Daniel estava chorando muito, assustado, o Fe estava branco que nem papel. Nessa hora eu não sabia o que pensar: se tinha sido bom eu não ver para não passar mal ou se eu tinha que ter ficado com o meu filho pra que ele se sentisse mais seguro, apesar do Fe ter ficado com ele durante todo o processo. Nas duas hipóteses eu me sentia culpada: uma porque sou uma banana que não aguento ver sangue e outra porque sou desnaturada por não ter ficado do lado dele quando ele precisava de conforto. Até agora me sinto mal por isso. Mas então eu peguei ele no colo, ele estava só de fralda, sentei na cadeira e o cobri com uma manta e fui dar mamá pra ele. Ele mamou e dormiu em 3 minutos, estava exausto pela febre, pelo stress e pelo horário, já passava das 11 horas da noite. Ficamos esperando mais de uma hora até saírem os resultados dos exames e enquanto isso eu fiquei com o Daniel no meu colo, rezando muito para que ele sarasse logo e que não fosse nada grave. Já é ruim o filho ficar doente perto do pediatra, pior ainda é ficar doente longe de casa, longe do pediatra dele e em um lugar que eu não conheço pra saber onde levar.

O pediatra voltou e disse que os exames não deram nada e que provavelmente era alguma virose que o corpo estava lutando pra combater, mas que era pra levarmos ele em uma pediatra que ele passou o nome e telefone, para acompanhar o estado dele no dia seguinte. Ao mesmo tempo que eu fiquei aliviada por não ser nada grave, fiquei preocupada por não saber com certeza o que estava dando aquela febre tão alta.


No dia seguinte ele amanheceu melhor, mas eu ainda estava preocupada. De tarde ele estava dormindo e eu fui dar um beijinho quando reparei que o ouvido dele estava cheio de cera de novo (eu tinha limpado no dia anterior, quando voltamos pra casa do primeiro hospital). Achei esquisito e um pouco suspeito, chamei meu pai no skype (santo skype!) pra perguntar se podia ser dor de ouvido e ele disse pra eu limpar o ouvido do Daniel e ver como era a cera, e eu me lembrei que achei estranho quando vieram olhar o ouvidinho dele no hospital e ele chorou muito. Quando o Daniel acordou eu limpei e mostrei o cotonete para o meu pai pela câmera e voilà: otite. Fiquei tão aliviada que parecia que tinham tirado um peso das minhas costas. Otite, simples, nada de tão grave, fácil de curar. Eu já tinha me antecipado à viagem e trouxe uma farmacinha com todos os remédios que o pediatra deles sugeriu, então estava fácil. Nessa mesma noite o Daniel dormiu bem melhor e no dia seguinte já não tinha mais febre. Desde que começou a curar a otite tem dormido muito melhor acordando de 4 em 4 horas e isso tem sido o céu. Pra quem acordava a cada meia hora, dormir 4 horas seguidas é perfeito! E por isso eu acho que ele devia estar com otite faz tempo, mas só agora deu a dor insuportável. Já tem muito tempo que ele não dorme bem à noite e depois que comecei o tratamento pra otite ele tem dormido muito melhor.

Filho não devia ter que passar por dor ou desconforto. Queria tanto que as coisas que eles tem que pegar dessem em mim, eu não ligo de ficar doente no lugar deles. Ou como diz minha cunhada Carol, quando eles tem que tomar remédio ou injeção, nós poderíamos tomar e passar pra eles pelo leite. Não ia ser muito mais fácil?

Daniel tomando remédio
Mas agora a paz voltou a reinar. O Pedro está sapeca, o Daniel está saudável e a mamãe está feliz!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Nosso" computador



Estou em dívida com meus fiéis seguidores. Acontece que eu perdi meu computador para o Pedro. Quando as coisas estão mais calmas (entenda-se: quando o Daniel está dormindo) o Pedro quer ver algum DVD ou vídeos do YouTube. Ou seja, o pouco tempo que eu tinha para usar o computador pra mim acabou: agora o Pedro tem usado muito mais que eu.

Mas basicamente as coisas estão iguais: o frio começando; tem feito uns 9 ou 10 graus durante o dia, nós 3 aqui no quarto do hotel, brincadeiras que eu nem sei mais como inventar, e paciência pra que te quero.

Checando o resultado depois de cortar o cabelo

A coisa boa é que agora parece que o Daniel está aprendendo a comer. Pelo menos agora, e esse agora é bem recente, tipo de uns 3 dias pra cá, ele abre a boca quando vou dar a papinha. Antes era bem difícil, porque como ele não abria a boca eu só conseguia por a pontinha da colher na boca dele e até ele comer a tigelinha inteira levava muito tempo. E o intestino que estava se adaptando (antes funcionando dia sim e dois não) agora está bem adaptado, funcionando 3 vezes por dia. Mas quanto ao sono... isso ainda estou sofrendo. De sábado pra domingo ele acordou a cada 20 minutos durante a noite. Essa noite foi excelente, ele acordou só as 4:00h e às 8:00h da manhã. A consequência por eu ter dormido "tanto" é que eu acordei com dor de cabeça, acho que o corpo estranhou a boa noite de sono.

Acabando de acordar da soneca da tarde

O Pedro está ficando acostumado à vida dentro do quarto de hotel. Agora ele já não pede pra sair quando o Fe chega, mas o lado negativo disso é que ele está extremamente grudado comigo. Vou ter que trabalhar a separação nele quando voltarmos para casa, principalmente pra ele ir pra escola. O bom é que minha sogra mora pertinho e é uma ótima "administradora infantil" e vai me ajudar a fazer o Pedro lembrar de como ele é independente.

Café da manhã

E a novidade mais legal de todas é que agora eu ganhei uma câmera profissional. Eu já quase não saía nas fotos antes, porque quem está fotografando sou sempre eu, agora então... vai ser raro me ver em alguma foto. Vai parecer que eu não estou nos lugares com os meninos! Mas o Fe me prometeu que ia pegar algum gosto pela fotografia, o suficiente pra ter vontade de fotografar algumas vezes, me fazendo aparecer nas fotos. As fotos deste post já são as da câmera nova.


Logo eu volto (ou não logo) para novos posts.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Impossível não rir

O Pedro e o Daniel se amam, isso é fato. Tudo o que o Pedro faz o Daniel ri, e o Pedro adora divertir o irmão.

Esse vídeo foi feito numa hora dessas em que o Pedro estava adorando fazer o Daniel dar risada. Detalhe para o rosto todo sujo de chocolate.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A loja do Natal

Não queria colocar muitas fotos em um só post, mas fomos num lugar tão lindo que dessa vez merece!

É uma loja de artigos para Natal, fica aberta o ano inteiro numa cidade de alemães que se chama Frankenmuth, a mais ou menos 1 hora de carro de onde estou. Fomos com a Valentina e o papai Sérgio, passamos a tarde lá tirando fotos e admirando tudo o que a loja tem. Seguem as fotos!

Esta é a entrada da loja, já é linda por fora!

O Pedro só tirava foto perto da decoração no meu colo,
tinha medo de ir sozinho





Valentina abraçando o Pedro, os dois muito felizes


Do lado de fora da loja também tinha decoração

O Pedro adorou o presente, queria abrir pra
ver o que tinha dentro

Tentando abrir o presente



Valeu muito a pena! O Pedro passou o dia inteiro cantando "Ti cacau, ti cacau..." sua versão para "É Natal, é Natal, lá lá lá lá lá".

Primeira papinha

Dia 02 de outubro o Daniel completou 6 meses. Passou tão rápido! Quando era o Pedro parece que demorou tanto, eu ficava tão ansiosa pra passar logo a fase do cansaço que parece que o primeiro ano custou pra acabar. E agora, com o Daniel, 6 meses voaram! E os 6 meses marcam a fase das primeiras papinhas e do fim da alimentação só pelo leite materno.

Primeira tentativa de fruta: banana. Ele fez muita careta, cuspia, mas segurava a colher na boca e não soltava minha mão. Comeu um pedaço pequeno de banana amassada na segunda e na terça e ficou 2 dias sem fazer cocô (olha o papo do cocô de novo!) e passou uma semana chorando de hora em hora de madrugada.


Esperei a banana ser "processada" e depois que achei que ele tinha expelido tudo tentei dar mamão. Foram 2 dias tentando com o mamão (e ele cuspindo tudo) e mais 2 dias de intestino preso. Tenso.

Liguei pro pediatra dele e ele me disse pra estimular com supositório de glicerina, mas não parar de dar frutas e logo depois começar com a papinha. Mas nessa altura do campeonato o Daniel não queria comer mais nada. Tentei dar suco de laranja e ele só mordeu o bico da mamadeira sem chupar, e quando saía suco ele cuspia. Tentei dar o suco com uma colher, mas ele também cuspiu. O copinho de treinamento também não funcionou.

Resumindo muito: depois de muitas tentativas tensas, por sugestão da minha mãe e falta de opções de frutas pra nenê no mercado, acabei dando papinha de fruta orgânica pra bebês. E não é que a coisa começou a funcionar? Ele comeu meio potinho de papinha de banana, pêssego e aveia no café da manhã e meio potinho no lanche da tarde. No dia seguinte tentei dar papinha de ameixa seca (uma delícia) e ele comeu o potinho inteiro de uma vez só!

Sorriso de palhacinho com a boca suja de papinha de ameixa

Depois tentei dar sopinha (que eu mesma fiz) e ele comeu também. Está indo de pouco em pouco, ele come um pouco e depois chora porque quer peito, mas está indo. Já tem 3 semanas que estou tentando com frutas, mas parece que ele gostou mais das papinhas de fruta. Vou continuar assim, mas quando chegar no Brasil vou começar com as frutas de verdade. O importante é que ele coma. E que depois dê esse sorriso lindo de boca suja!

Ficando louca

Agora mesmo o Pedro veio me pedir tetê (leite). Eu coloquei o leite no microondas e vim atender o celular. Aí o Pedro levantou do sofá e disse:

- Cabô tetê.
- Acabou o tetê? Então me dá a mamadeira.
- Memê, cabô tetê!
- Se acabou me dá a mamadeira pra eu guardar.

E ele ficou me encarando.

Eu pensei por uns segundos e lembrei que ainda nem tinha tirado a mamadeira dele do microondas.

Sou normal

Eu sempre posto o lado engraçado e divertido da maternidade, mas não se engane: sou como todas as mães que se estressam, ficam bravas e perdem as estribeiras. Não é só porque as histórias que coloco aqui são divertidas que tudo na minha vida é divertido também. Outro dia a Mariana me ligou perguntando como eu não ficava louca com dois filhos, mas a verdade é que eu fico sim! Principalmente agora que estou em um quarto de hotel há 2 meses, sem ajuda, sem empregada, sem escola e sem avós pra dividirem comigo a carga.

Por estar longe de casa, em um quarto pequeno e convivendo comigo o dia inteiro, o Pedro está extremamente grudado comigo. Eu cozinho com ele agarrado na minha perna, eu posto no blog com ele no meu colo, eu almoço com ele pulando em mim, até faço xixi com ele junto. A única hora do dia que eu estou realmente sozinha é quando tomo banho, porque já é noite e ele e o Daniel estão dormindo. E sempre acabo dormindo de cabelo molhado, já que não posso ligar o secador pra não acordar os pequenos.

Durante a noite o Daniel está acordando a cada uma hora e meia ou no máximo duas horas. Ele estava dormindo muito bem, cerca de 8 horas ininterruptas, mas quando viemos pra cá ele começou a desandar. Primeiro porque em um hotel tem muito barulho vindo dos outros quartos, e aqui nos Estados Unidos as paredes não são de tijolos então o som dos outros quartos incomoda muito. Também tinha o barulho do ar condicionado ligando a cada pouco tempo, a geladeira ligando e desligando o motor... Aconteceu que o Daniel acordava com esses barulhos estranhos e só dormia quando eu o colocava no peito. Eu não podia deixá-lo chorando pra não acordar o Pedro, se não eu tenho dois filhos pra fazer dormir, e precisava deixar o Fernando descansar pra acordar cedo no dia seguinte e ir trabalhar. A conclusão é que ele gostou da brincadeira e agora acorda muitas vezes durante a noite. Já tem mais de um mês que eu não sei o que é descansar. Ah, e no dia seguinte tenho que estar bem pra brincar com o Pedro e cuidar do Daniel.

Por isso eu digo que não é tudo risada, alegria, diversão e brincadeira. Tem o lado chato, cansativo e irritante. O Pedro vem brincar perto de mim quando estou fazendo o Daniel dormir; ele deita em cima do Daniel quando ele está no chão; ele tira os brinquedos da mão do Daniel; ele abraça tanto que até machuca o Daniel; o Daniel quer colo quando estou dando o almoço do Pedro; o Daniel berra de fome quando estou cozinhando e não posso largar a comida no fogo; o Pedro quer ficar o tempo inteiro literalmente grudado comigo (segurando minha perna, no meu colo, me abraçando, segurando meu braço ou me puxando para o chão)... e por aí vai.

Quando o Fe chega do trabalho eu já estou cansada, sem humor, irritada e sem paciência, mas como sei que ele não tem culpa disso ainda tento ser agradável pra ele - mas coitado, tem vezes que nem tentando eu consigo ser legal.

Então não pensem que sou uma mãe excepcional, que só ri, se diverte e é feliz o tempo inteiro. Eu também quero paz, quero uma noite inteira de sono, quero passar só um dia sem ter que cuidar dos filhos, fico irritada, grito e me descabelo como todo mundo. Sim, eu sou normal!

Ah, que falta faz minha empregada, minha casa com quintal grande, a escola do Pedro...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dividindo

Já vi várias crianças na idade do Pedro que não sabem dividir brinquedos. O Pedro mesmo tem um "amiguinho" que além de brincar com os próprios brinquedos, pega também os do Pedro e não deixa ele brincar com nada. E o Pedro fica me pedindo ajuda e eu realmente tento ajudar, mas quanto mais eu tento pegar somente um brinquedo o amiguinho grita, chora, faz escândalo. E a mãe dele até tenta fazer alguma coisa, mas desiste rápido e o menino já sabe que consegue tudo no grito... então agora estou evitando a convivência do Pedro com ele, vamos evitar atritos desnecessários.

Um fim de semana desses íamos passear e combinamos de nos encontrar com os amigos na recepção do hotel. Um casal de amigos nossos tem uma filhinha linda que se chama Valentina e ultimamente é a amiga que mais tem brincado com o Pedro. Sempre que saímos para passear o Pedro pega a mochila dos Carros e coloca quantos brinquedos ele consegue encontrar dentro dela, já se prevenindo para garantir a brincadeira onde quer que seja. Neste dia ele levou 3 carrinhos na mochila e quando viu a Valentina tirou os carros de dentro e começou a brincar. Me pediu pra sentar no chão e brincar com ele, me deu um carrinho e disse que aquele carro era a "memê" (ele ainda me chama de memê, é muito fofo!) e quando a Valentina se aproximou eu pedi pra ele dar um carro pra ela também... e ele deu! Totalmente desapegado, ficou somente com um carrinho e quando o carrinho da Valentina caiu no chão, ele pegou e entregou na mão dela. Fiquei tão orgulhosa dele!

Nesse dia fomos almoçar num restaurante que se chama Rainforest Cafe. É muito legal, ele é imitando uma floresta, tem macacos, gorilas, elefantes, um aquário enorme e até chove dentro dele!




Do lado de fora do restaurante o Pedro estava adorando ver a decoração, mas quando entramos para comer nossa mesa era bem embaixo de dois gorilas e a cada 10 minutos eles faziam muitos sons, batiam no peito, levantavam, e nessa hora o Pedro ficava muito assustado, vinha pro meu colo e enfiava a cabeça no meu ombro pra não ver. Por causa disso acabei comendo o mais rápido possível e levei ele pra fora pra acabar com a tortura. Logo em seguida a Valentina também saiu e nos encontrou do lado de fora. O Pedro estava tomando suco num squeezy que ele ama, dos Carros e ela pediu um pouco. Eu já me preparei pra ensinar o "tem-que-dividir", mas assim que ela pediu ele entregou o squeezy pra ela numa boa. Ela tomou e devolveu, e ele tomou mais um pouco. Fiquei tão orgulhosa!

Depois fizemos outros passeios com a Valentina. Fomos ao parque e no parque tinha uma fazendinha linda, o Pedro adorou ver os porquinhos, os porcões, as vacas, as galinhas, patos, ovelhas e cabritos. Tinha também um trator de madeira que eles brincaram bastante.



Fomos ao parquinho...



E fomos ao zoológico. Um lugar lindo e eu só consegui tirar uma foto, deixei a bateria da câmera carregando durante a noite mas deu algum problema e não carregou. Aí só saiu a foto com a tartaruga de mentira.


Mas ele viu camelos, bisões, pavões que andavam soltos pelo parque e que acabaram assustando o Pedro depois que ele deu uma batatinha pro pavão comer e ele achou que ia ganhar mais comida e ficou o seguindo durante um tempo, viu vários esquilos (que ele falava "quilo"), o tigre ("tigui"), jacarés, cobras e ele ficava pondo a língua pra fora pra imitar a cobra, mas toda vez que eu ia com a mão perto do vidro ele gritava "Não, memê! Não, memê!" morrendo de medo da cobra me pegar. Viu tartarugas, orangotangos de verdade (e dessa vez não teve medo), chimpanzés, andou no carrossel e só não conseguimos ver o leão e o urso polar porque o parque fecha às 17h e nós não sabíamos. Mas o passeio valeu muito, foi muito gostoso, o dia estava muito agradável. Até o Daniel gostou, ficou o tempo todo no carrinho sem pedir colo, só olhando pras coisas todas, sorrindo.

Pena que a Valentina vai embora daqui a 2 dias. Ela foi uma companhia excelente pro Pedro, pra mim e pro Daniel!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nos bastidores

Enquanto isso eu continuo minha luta diária pra entreter o Pedro e cuidar do Daniel ao mesmo tempo. O Pedro está entediado de ficar no quarto do hotel e é só o Fe chegar em casa que ele fica tentando abrir a porta pra sair e fica pedindo "Carro! Carro!", tem vezes que ele não quer nem esperar a gente jantar. Então a gente sai - cada dia inventando uma coisa nova - e quando estamos chegando no hotel o Pedro reconhece o lugar e começa a falar "Mais! Mais! Não papai! Não memê!" porque ele não quer voltar pra casa de jeito nenhum.

Graças a esse tédio todo eu e o Fe estamos quebrando a cabeça pra descobrir o que fazer pra entretê-lo durante o dia. Agora já começou o friozinho, chuvas constantes, nem dá pra sair e ficar brincando lá fora - apesar de o hotel não ter uma área de crianças, só uma piscina e uma quadra de basquete. O Pedro já ganhou toda a coleção do Carros, um tapete com desenho de pista pra brincar com os carrinhos, massinhas Play-Doh, livro para colorir, caderno, lápis de cor e giz de cera, mas mesmo assim chega uma hora que eu não tenho mais o que fazer com ele aqui dentro.

Ainda bem que conheci a Aline, o marido dela trabalha com o Fe, ela está aqui só passeando. Ela tem muita paciência com crianças e adora o Pedro e o Daniel. Então toda tarde inventamos algum lugar pra levar o Pedro pra passear, mas o lugar que ele mais gosta de ir é o Target (um supermercado-loja-de-departamentos), e ele conhece o símbolo de longe! Assim que vê fica pedindo "Aqui memê! Aqui memê", porque quase toda vez que ele foi lá com a gente acabou saindo com um brinquedo; associou o lugar a presentes. Agora aguenta! Mas ele também vai bastante no shopping e adora a área de crianças tanto quanto correr solto pelos corredores.

Mas não é fácil. Agora tem a Aline pra me ajudar com os dois, mas e depois? Sair sozinha com eles não é tarefa das mais fáceis: o Pedro não anda de mão dada e o Daniel não fica o tempo todo no carrinho. Fora que o Daniel também tem que parar pra mamar, e aí, o que eu faço com o Pedro? Não dá.

É por essas e outras que eu acho que mãe devia ganhar salário, e um salário bem gordo. A gente cuida da casa, dos filhos, da comida, do entretenimento, das fraldas, do sono, das atividades, da educação, do carinho, a gente não dorme e nosso trabalho é plantão 24 horas e 7 dias por semana, sem uma única folga nunca!

Amor

Quando eu estava grávida do Daniel meu maior medo era de não amá-lo como eu amava o Pedro. Eu não conseguia entender como poderia surgir de novo um sentimento tão forte dentro de mim, que o máximo que eu tinha já era do Pedro.

Muita gente me dizia que era pra eu ficar tranquila, o amor surgiria também para o Daniel, que os filhos são amados igualmente. Eu imaginava que o amor dos filhos fosse uma coisa só: um amor inteiro para os filhos, sendo "filhos" como um todo, um conjunto. Mas não é assim.

Do mesmo jeito que foi com o Pedro, o amor pelo Daniel foi crescendo a cada dia da vidinha dele, a cada sorriso, a cada "conversa", até que chegou ao amor que explode o coração. Quem tem filhos sabe o que estou falando, quando um bebê nasce nós o amamos, mas não com tanta intensidade. O sentimento evolui, se intensifica com o passar dos dias.

Hoje eu posso dizer que o amor que tenho pelo meus filhos não é um "todo", é um amor feito especialmente pra cada um. Tenho o amor do Pedro e o amor do Daniel, é o mesmo amor forte, incondicional e arrebatador, mas é individual. Todo o medo que eu tinha de não amar o Daniel como eu amo o Pedro hoje parece tão insignificante! O Daniel não ganhou uma parte do meu coração, mas construiu uma parte só pra ele, do mesmo jeito que o Pedro fez quando nasceu. O coração aumenta e surge toda uma capacidade nova de amar mais um filho.

Daqui a 2 dias o Daniel completa 6 meses. É tão pouco tempo, mas não consigo imaginar minha vida sem ele também. Ele é o bebê mais doce, mais meigo, mais bonzinho que eu já conheci. Nunca chora, está sempre sorrindo, se diverte com todos, adora brincar com o Pedro e dá muitas gargalhadas para as tentativas do Pedro de fazê-lo rir, é tranquilo, sereno, tem um olhar extremamente expressivo e amoroso, é paciente, divertido e muito bem humorado. Sempre acorda sorrindo!

Todos os dias eu agradeço a Deus pelos filhos que eu tenho, nunca poderia imaginar que merecia tanto! Eles são tudo pra mim e enquanto eu viver vou fazer de tudo para que eles sejam os filhos mais amados do mundo!


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mais

Mais é uma palavra que para o Pedro significa 3 coisas.

Logo que ele começou a falar "mais" foi até difícil entender o que ele queria dizer. Ele via a gente comendo alguma coisa e pedia "m-má!" e eu pensava "Como ele quer mais se ele ainda nem comeu?" Mas logo eu entendi. Quando ele comia alguma coisa e eu falava "Quer mais?" ele deve ter imaginado que o "mais" seria "ganhar aquilo". Então eu estava comendo um pão com manteiga e ele vinha correndo e falava "M-má!", me via comendo uma banana e pedia "M-má!"

Logo depois ele começou a dizer "maisss" quando via duas ou mais coisas iguais. Fácil de ser explicado: ele ganhava uma coisa, pedia mais e ganhava outra igual. Dois caminhões: mais! Dois carrinhos iguais: mais! Vários passarinhos voando juntos: mais! Duas televisões ligadas no mesmo programa: mais! Dois sapatos: mais!

E por último, mais significa mais mesmo. Mais cócegas, mais beijos, mais brincadeiras, correr mais.

Ontem saímos para jantar com um amigo do Fe, a esposa e a cunhada dele. As duas são gêmeas idênticas, ambas pediatras, com o mesmo jeito de falar, a mesma delicadeza, o mesmo jeito de olhar. Parece que é uma única pessoa dividida em dois, tamanha a semelhança (não apenas física) delas.

O Pedro brincou com elas por muito tempo. Saía correndo com uma, se escondia atrás da outra, corria de mãos dadas com as duas. Mas em nenhum momento ele tinha visto as duas lado a lado.

Quando estávamos nos despedindo para ir embora, as duas vieram pedir beijo para o Pedro (que além de beijar falou "ba-bái") e quando ele as viu lado a lado apontou com uma mão para cada uma e disse: "Mais!! Mais!!!" com um brilho nos olhos de quem está perplexo. Foi muito engraçado quando ele percebeu que as duas eram iguais, ficou realmente surpreso em ver gêmeas.

Não fala muito, mas presta uma atenção!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Melhorando o vocabulário

É muito legal ver como o vocabulário vai melhorando dia após dia. Cada dia o Pedro vem com uma palavra nova ou uma palavra melhorada. As novidades são:

Papai / Mamãe / Daniel
Antes: papá / - / Didi
Agora: papai / memê / Nhãnhéu


Titia / Titio
Antes: titíti / -
Agora: titia / tio


Chupeta / Água / Suco / Acabou
Antes: pi / cá / pu / bô
Agora: pepeta / caia / puco / cabô


Carro / Ca-chaw (do McQueen) / Lápis
Antes: cá / cacún / pi
Agora: carro / cacáu / páti


Paninho / Pizza / Boca / Chocolate
Antes: pã / pi / ca / ca
Agora: polllo / pita / boca / cacate


Abrir / Sapato / Xixi / Mais
Antes: ilhá / papá / quiquí / m-má
Agora: aguí / papaca / tití / maisss

Menina:          minhinha
Quer:               qué-qué
Figurinha:      nhinhinha
Por favor:        popopôlllio
Desculpa:        pupuca
Pipoca:            popóca
Obrigado:        cacáco


Tem mais palavras, claro, mas eu não me lembro agora. E é legal ver como ele vai se virando com as poucas palavras que sabe. Quando ele quer fazer alguma coisa que não funciona ele diz: "Cabô a pilha", como se tudo usasse pilha e as pilhas nunca funcionassem. Quando eu fico realmente brava e dou uma bronca, ele olha pra mim, cruza os braços, dá um meio sorriso e diz: "Mimiiii...", que é como a vovó Deyse fala com ele quando ele está aprontando, "Meniiiiiiino!!" Claro que nessa hora ele me quebra, eu até tento continuar séria mas na maioria das vezes ele ganha.

Quando eu dou bronca nele e peço para ele não fazer mais alguma coisa, ele fala "Cabô! Cabô!", mas não no sentido que acabou, ele quer dizer: "Acabou, não vou mais fazer, parei." Teve uma vez que estávamos no supermercado aqui e eu dei um carrinho pra ele segurar, avisando que não podia abrir e tinha que pagar primeiro. Ele ia disfarçando, disfarçando e tentava abrir. Aí eu tirei o carro da mão dele, coloquei no carrinho (ele estava sentado na cadeirinha do carrinho) e falei que ele só ia ganhar quando chegasse em casa. Ele abriu um berreiro!!

- Pupuca, pupuca... cabô! Cabô! Cabô! - ele começou.
- Não vai mais abrir? - eu perguntei, com o coração em pedaços.
- Cabô! Cabô! - ele respondeu ainda chorando.
- Se você for bonzinho e esperar a mamãe pagar eu deixo você levar o carro - ele já tinha ganhado, mas eu ainda tinha uma lição a ensinar.
- Cabô, memê. Cabô!

Então eu devolvi o carrinho e ele segurou sem abrir durante mais uma hora, me mostrando de vez em quando que a caixa estava "quebrada", dizendo "mmmbô". Como ele sabe que só pode abrir a caixa e brincar depois de pagar, toda vez que eu passava perto dos caixas ele apontava para fora, reclamando quando eu voltava para dentro do mercado. Até que chegou uma hora que ele só apontava pra qualquer direção e reclamava. "Vamos embora, mãe. Paga logo que eu quero brincar!"

Depois que eu dou um presente pra ele que ainda tem que ser pago, ele não me devolve mais com medo que eu pegue de volta. Mas quando chega no caixa, ele mesmo coloca o brinquedo na esteira e fica esperando a caixa cobrar. Depois ele fica pedindo a sacolinha com o brinquedo (e ele sabe exatamente qual é no meio de todas as outras), quer ficar segurando a sacolinha até chegar no carro. E quando a gente chega no carro ele me entrega a caixa e fica pedindo freneticamente "Aguí! Aguí! Aguí!!" (abrir) e se eu demoro, já emenda um "Popopôlllo!" (por favor).

Eita fase gostosa, essa dos 2 anos!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ponto de vista

Sempre que eu falei que queria engravidar quando o Pedro tivesse 1 ano porque queria que os dois crescessem juntos, a maioria das pessoas dizia que eu era louca de querer dois filhos tão próximos, que ia dar muito trabalho. Sempre pensei o contrário, que quanto mais próximas as idades mais fácil seria cuidar, porque eu precisaria estar só em uma "fase": papinhas, trocas de fraldas, parquinhos e por aí vai. Por enquanto estou achando que era exatamente o que eu pensava, porque dois filhos dão trabalho sim, mas não é tanto quanto eu imaginava. E logo o Daniel cresce e fica na mesma fase do Pedro, aí vai ser melhor ainda. Eu ainda estou na fase de acordar de noite, trocar fraldas, não dormir direito, então ter o Daniel agora não mudou muito a minha rotina. Fora que ele é tão bonzinho que não me dá trabalho nenhum! Graças a Deus.

Mas aqui nos Estados Unidos a coisa é diferente. É normal as pessoas terem 3, 4, 5 filhos e os pais são muito mais participativos na vida dos filhos do que no Brasil. Chega fim de semana, em vez dos pais fazerem alguma coisa que dê prazer a eles, o programa é levar os filhos para se divertir. Os fins de semana e feriados são dedicados à família e não ao descanso.

Estávamos andando na rua, o Fe com o Daniel no canguru e eu com o Pedro no carrinho, cada um tentando distrair sua metade dos filhos, sentindo um certo grau de cansaço e uma pequena necessidade de sossego, quando passamos por uma família em que o pai levava um menino pequeno no colo e a mãe andava de mãos dadas com duas filhas. E a mãe ainda estava grávida de uns 7 meses e parecia ter no máximo uns 35 anos. Eu olhei para a cena e falei pro Fe: "E dizem que nós que somos loucos!" Olhando aquilo não dava pra pensar que nós tínhamos trabalho, deu até uma certa sensação de alívio.

Ontem fomos levar o Pedro pra brincar na área infantil do shopping e como já estava quase na hora de fechar (aqui os shoppings fecham às 21:00h) tinham poucas crianças brincando. Pra ser mais exata, além do Pedro tinham 4 crianças no playground, sendo que 3 dessas crianças tinham muita energia. Logo que o Pedro entrou, a menininha menor - do mesmo tamanho que ele, devia ter uns 2 anos também - já veio brincar com ele e fazer amizade. A menininha era de uma agilidade incrível. Subia em tudo, pulava, corria, se esticava. E o Pedro no seu ritmo de criança normal, brincava e tudo, mas não naquela velocidade. Só tinha uma mãe sentada lá dentro e eu fiquei pensando quais seriam os filhos (ou o filho) dela e quem seriam as mães dos outros. Nessa hora entrou uma mulher com uma menina de quase 1 ano no canguru e começou a falar com a menininha que estava brincando com o Pedro. Ah, então essa é a  mãe da menininha bonitinha? Então a irmã dessa mulher sentou do meu lado e me disse que ela era mãe das 3 crianças energéticas do playground: o menino de uns 6 ou 7 anos, a menina de uns 4 anos, outra que era a amiga do  Pedro de uns 2 anos e a nenê de menos de 1 ano que estava no colo dela. Os quatro são dela? Isso significa que a outra mãe sentada ali é mãe só daquela outra menina boazinha? E eu disse pra irmã dela: "Nossa, ela deve ter muito trabalho!" ao que ela me respondeu: "Mas ela é 'home-mom', então é mais fácil." Fácil? Com 4 filhos com toda aquela energia? A coitada da mãe tinha uma cara de acabada, de gente que cansa muito e não se cuida, gente que não dorme faz anos e não sabe o que é ter um minuto de paz. Ela nem sorria. E pensar que isso é normal aqui...

E depois tem gente que vem falar que EU teria muito trabalho com dois filhos. Tudo é uma questão de ponto de vista!

Igual a mãe

A segunda-feira dessa semana foi feriado aqui nos EUA, o dia do trabalho e nós aproveitamos pra ir passear em Chicago. Confesso que fiquei um pouco tensa em passar 4 horas na estrada com os meninos, mas felizmente a viagem foi extremamente tranquila, sem nenhum stress.

Fomos no sábado e quando chegamos estava um dia nublado e com um pouco de chuva, mas muito quente. Fomos passear à pé, eu queria ir ver a escultura de feijão, o Daniel no canguru e o Pedro no carrinho. Ali perto da escultura de feijão tinham dois telões de água que o Pedro ficou olhando sem parar, foi até difícil tirar foto, ele só queria olhar para os rostos que apareciam por baixo da água.



O Pedro adorou a escultura de feijão, queria descer do carrinho e sair correndo pelo lugar. Só não deixamos porque estava muito movimentado e seria bem difícil ficar correndo atrás dele no meio das pessoas, mas deixamos que ele chegasse bem pertinho pra ver do que o feijão era feito.

Onde está Wally?


No domingo estava um sol muito gostoso, mas um vento friozinho. Fomos ao planetário e depois saímos pra passear à pé. Eu fiquei andando com o Daniel no canguru por mais de 5km, um ótimo exercício! Voltamos ao feijão - dessa vez para tirar foto num dia ensolarado - e quando chegamos lá o Daniel já estava dormindo, pendurado no canguru. O Pedro ficou acordado o tempo todo, comentando sobre isto ou aquilo que ele via pelo caminho. Ele adora passear!

E na segunda de manhã já não dava mais pra evitar: fomos ao Sears Tower, um prédio de 103 andares. Antes de chegar lá eu já estava suando frio, só de ver o tamanho do prédio perto dos outros. Subimos no prédio (e o elevador conta os andares de 10 em 10, de tão rápido que é) e quando chegamos lá em cima eu já estava travada de medo, mesmo antes de olhar pelas janelas. O Pedro estava felicíssimo, queria olhar por todas as janelas, não tinha o menor medo.


Mas o melhor mesmo aconteceu quando entramos naquela caixa de vidro que fica pra fora do prédio. É aterrorizante pisar no vidro, olhando tudo em volta. Eu morro de medo de altura, mas mesmo assim respirei fundo, empurrei o carrinho do Daniel pra dentro e entrei junto, com o Pedro ao meu lado. Olhei em volta (sem olhar pra baixo) e prendi a respiração. Pânico, terror e aflição. A Stephanie já estava esperando com a câmera em mãos e tirou uma foto antes que eu saísse correndo. 


E aí eu pensei que o Pedro poderia estar com medo e olhei pra ele. Hum hum, medo. Ele estava ajoelhado no chão de vidro, olhando pra baixo e apontando para os carros que passavam na rua, dizendo "Papai, carro! Carro!" e nessa hora sem querer eu olhei pra distância que separava o chão de verdade do piso de vidro que eu estava. Vertigem. 



Pedi licença, saí correndo e fiquei alguns minutos tentando me recompor de tamanho medo, o coração acelerado e as mãos suando frio. E o Pedro... nada. Tranquilo. Definitivamente não puxou à mãe.

Teve também outra ocasião em que eu fiquei com pânico alheio por ele. Foi antes de viajar (na realidade na véspera da viagem), quando fomos a um parque que estava de passagem na cidade e minha sogra e a Maura levaram o Pedro para brincar na roda-gigante. A única coisa que eu pensava era: "Que esse treco não quebre, que o Pedro não tenha medo, que ele não chore nem fique traumatizado. Que esse treco não quebre!!" Ele vai no brinquedo e quem fica com medo é a mãe. No fim da primeira volta lá estava ele apontando para tudo no parque, sorrindo, tranquilo, mostrando pra vovó tudo o que ele estava vendo. E eu lá embaixo no meu mantra "Que esse treco não quebre..."

O Pedro está me ensinando a ter coragem. Nem que seja só coragem por ele!