quarta-feira, 26 de maio de 2010

A hora do cadeirão

A hora do cadeirão é a hora que ele come: seja almoço, jantar, fruta... Sentou lá e o desespero começa.

As 4 primeiras colheradas vão que é uma beleza, mas quando ele percebe que está sentado sem fazer nada começa a ficar mais difícil. Eu canto, bato palma, ele bate palma junto, dou uma colherada, ele tenta apertar o botão do microondas e eu falo não, ele joga um brinquedo no chão. A boca ainda está cheia, preciso fazer ele lembrar que tem comida pra ser engolida, finjo que vou dar mais comida e ele mastiga um pouco. Engole. Tenta pegar o garfo de cima da mesa, eu dou outro brinquedo e mais uma colherada. Ele bate o brinquedo na mesinha do cadeirão e joga no chão. Se estica pra apertar o botão do microondas de novo, eu viro o cadeirão pro outro lado. Mais uma colherada, que só foi comida na segunda tentativa (na primeira ele virou o rosto). Pede o pote de iogurte que está em cima da mesa, dou pra ele, ele bate na mesinha e joga no chão. Se inclina para o lado para olhar o que já tem no chão e fica contemplando. Eu chamo a atenção dele e tento dar mais uma colherada, mas ele balança a cabeça e não abre a boca. Tenta apertar o botão do microondas, eu dou o pacote de biscoito. Ele olha e diz "au au!" pra qualquer bichinho que esteja impresso e eu brinco com o "au au", seja lá qual bicho for. Mais uma colherada. Bate o pacote de biscoito na mesinha, mas eu não deixo - quero biscoitos, e não migalhas. Pede o telefone que está em cima da mesa e eu o escondo atrás da lata de leite. Dou o livro dos monstros coloridos e ele brinca um pouco com a capa. Outra colherada. Abre o livro e quase rasga o pop-up do monstro. Eu canto qualquer outra música e ele presta atenção. Mais uma colherada. Joga o livro no chão e estica os braços querendo pegar qualquer coisa que esteja fora de alcance - qualquer coisa mesmo, ele estica os braços sem foco em alguma coisa, só tenta alcancar o que quer que seja. Percebo que não tem mais brinquedos disponíveis e pego todos do chão. Ponho um na mesinha e ele o joga no chão instantaneamente. Mais uma colherada. Ponho mais dois brinquedos e tento fazer de conta que eles se encaixam, pra ver se ele se interessa por outro desafio. Tenta encaixar um no outro 2 vezes e bate a mão nos dois pra jogar tudo pro chão. Eu me abaixo e pego tudo de novo. Outra colherada. Dou o livro novamente, mas ele simplesmente ignora e fica em pé no cadeirão, se segurando no encosto, tentando apertar o botão do microondas. Enquanto uma mão segura ele pela calça, a outra pega mais um pouco de comida e tenta dar na boca dele. Mas agora é mais difícil, porque ele quer olhar para todos os lados e vira muito o rosto. Na quarta tentativa eu consigo. Agora falta pouco! Ele pula, faz uma manobra arriscada para a esquerda e quando eu vejo está ajoelhando em cima da mesinha pra mexer no microondas. "TÁ BOM!!!! Mexe logo nessa porcaria!" Aperta uns botões e olha pra minha cara, que nessa hora já está distorcida devido a atenção em segurá-lo no cadeirão, pegar uma colherada de comida, limpar a comida que cai no caminho e impedir que ele abra a porta do armário - ainda bem que ninguém está me vendo. Ele chora de tédio, já não quer mais microondas, livro, brinquedos, chaveiro, lata de leite, pacote de bolacha, pacotinho de Clight, colher, guardanapo, telefone nem nada que eu já tenha tentado dar para distraí-lo, então eu o pego no colo. A ultima colherada... E ele vira a cara. Só mais uma, concentre-se! Ele resmunga e balança o rosto, limpando a boca na minha roupa. Droga, a segunda blusa que ele suja no mesmo dia! "Tem certeza que não quer mesmo? É a última!", e ele abre a boca mas quando a colher está prestes a entrar, ele fecha. Ah, quer saber? Chega! Deixa eu almoçar! Ponho ele no chão, que vai engatinhando para o portãozinho para brincar com a Paçoca (que ainda está de molho do lado de fora, por causa da queda absurda de pelos). Enquanto eu almoço a comida já fria, porque estava tentando comer enquanto dava a comida dele - essa parte eu não incluí na narrativa, senão ia ficar mais difícil ainda de acompanhar o ritmo - levanto mais algumas vezes para livrá-lo de algum perito iminente, como tirar um fio da tomada, derrubar o abajour, abrir a porta do armário, tentar pegar as garrafas de whisky do Fe ou qualquer outra coisa do gênero. No fim, minha comida está até dura de tão fria, mas eu nem me preocupo em esquentá-la porque a intenção é acabar logo com isso para dar a fruta dele. Ai, a fruta...

Dar a fruta é teoricamente mais fácil, já que ele gosta de quase todas. Ligo o Discovery Kids, sento com ele no sofá, abro um kiwi no meio e vou dando as colheradas, tomando muito cuidado pra não derrubar no sofá. Aí ele come o kiwi inteiro (ou qualquer que seja a fruta escolhida).

Sei que nessa hora você deve estar perguntando "Então por que você não dá a papinha na frente da TV também?"Simples: porque não funciona. Ou ele se entedia ainda mais rápido do que na cozinha ou ele esquece que está comendo e a comida fica parada na boca por mais de 5 minutos. E aí quando ele percebe que está comendo, tenta descer do cadeirão pra ir pro chão. Dentre todas as dificuldades, acho o desafio da cozinha ligeiramente mais fácil.

Ufa! Acabou! Agora tenho algumas horinhas pra me recompor antes do jantar. Ai, o jantar...

Um comentário:

  1. Hhauaheuehahaueheuauhe!!!!!

    UFAAA!!!
    Acabou?!!!
    Aqui é menos.. mas acontece tb!!!

    Mas é isso aí cunhada......e não se esqueça... tem mais um bebe pra chegar.....kkkkkkkkkk.

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