Vacina dos 9 meses

Eu detesto dar vacina no Pedro. Não pela vacina, claro, afinal fico até tranquila por saber que ele não vai ficar doente. Mas o que me preocupa é a reação que pode dar, o choro dele na hora da picada e minha tentativa de não parecer desesperada vendo ele chorando. Quando vou levá-lo para vacinar fico enjoada, perco o apetite, durmo mal. Essas coisas.

Hoje chegou o dia dele tomar a vacina dos 9 meses. Já sarou do resfriado, está ótimo de saúde, não tenho mais desculpa pra adiar. Resolvi levá-lo de carrinho, afinal ele gosta de passear, e olhar as coisas ia ser uma boa distração na volta, e também porque aqui em Tatooine é tudo perto, o posto de vacinação fica a uns... 15 minutos passeando de carrinho. No caminho até o posto tem o conservatório musical, que é até bem famoso. O legal é que tem vezes que os alunos ficam treinando no jardim e quando a gente passa perto dá pra ouvir a música. Só que hoje tinha uma orquestra inteira tocando no jardim! Lindo demais! Até diminuí o ritmo da caminhada, só pra dar tempo de ouvir mais músicas. Aí a orquestra começou a tocar Brasileirinho num ritmo mais lento. E é aí que você descobre quando uma mãe está nervosa: me deu vontade de chorar. Era tão lindo, tão bem tocado, tão emocionante! Eu quase chorei. Só não chorei porque me segurei, respirei bem rápido e comecei a prestar atenção em outras coisas. E foi aí que percebi que tudo bem Brasileirinho ser uma música legal e tal, mas a ponto de chorar?? O que uma vacina não faz com uma mãe sensível?

Aí chegamos no posto, já tinha recobrado a compostura, estava uma fila grande por causa da H1N1. Chegou a vez do Pedro e eu já fiquei tensa. Aí a enfermeira preparou a injeção e avisou que ia ser no braço (estava dando a de Febre Amarela). "Ai meu Deus, no braço??" Liguei o celular e deixei o Pedro olhando. E aí aconteceu um novo milagre: ele não chorou! Quando acabou a injeção eu já comecei a sorrir feliz, mas o Pedro fez um beicinho e me olhou com os olhos marejados. Pronto, meu coração virou um pozinho, bateu um vento e voou. Eu tentei sorrir e brincar com ele, apesar da minha vontade de me dar 3 tapas na cara e me chamar de má mãe, e funcionou! Ele sorriu e recomeçou a brincar comigo!

Saindo da sala de vacinas, as outras mães olharam e perguntaram "Ele nem chorou?" e eu "Não!", mas foi o "não" com mais orgulho que eu já falei em toda a minha vida!